Escritor, cineasta, actor, director, formador

Crítica: Amizade é coisa séria em peça de bonecos

por Sergio Mercurio

por Sergio Mercurio

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Aqueles Velhos de... Foto: Pablo Gonzales

A certa altura do espetáculo Aqueles velhos de… uma das personagens pergunta o poderíamos fazer se alguém do nosso convívio cometesse uma grande besteira, um erro daqueles que não dá para voltar atrás. Para responder no segundo seguinte. Iria salvá-lo. Quanta filosofia, quanto humanidade, ditas com palavras simples, quase desenhadas, para falar de coisas praticamente perdidas nesse mundo que virou uma selva. O que se escuta ou percebe por aí é essa gente toda de sensibilidade embotada ou diluída vibrar com “Eu sobrevivo à sua morte, ao seu desaparecimento real ou simbólico, ao seu apagamento”. Isso dito em atos ou palavras de rejeição e de conveniência. Juárez e Juanito pegam uma vereda possível da emoção, de uma humanidade que se reconhece tanto no outro, que ele precisa sobreviver, ser resgatado, com o mesmo zelo de quem nina o próprio filho.

A peça mostra a força da arte ao provocar um deslocamento e descolamento da vida prosaica, com suas amarras egoístas. E projeta um mundo do sonho possível. Do respeito pela centelha divina que existe no outro e que não pode ser machucado.

O artista argentino Sérgio Mercurio, conhecido como El Titiritero de Banfield, interpreta a figura do Juárez e manipula o boneco em tamanho humano, Juanito. Os dois já viveram bastante e cada um tem suas própria memórias. Juanito, o boneco, começa a apresentar sinais do mal de Alzheimer, e o amigo se desdobra para não perder esse laço amoroso.

A porta de entrada do jorro de afetos que o espetáculo provoca é a amizade – não a do Facebook, de quem curte tudo e sabemos que não podemos contar – mas de outra natureza que não abandona o semelhante à própria sorte em momento de vulnerabilidade. Seria um diálogo a menos, uma potência de vida subtraída, um convívio de jogos desligado, e o mundo ficaria mais pobre.

Esses dois homens, de temperamentos tão diferentes e que entram também em discordâncias, são da essência do amor, o que salva, que vai pro confronto, que aponta defeitos, que manga do outro, mas que precisa existir e não sucumbir.

Com rompantes de humor, a peça explora situações simples do convívio desses camaradas. Seguindo uma complexa e sofisticada manipulação, o andamento do espetáculo lança lufadas de benquerença para sacudir qualquer espectador de uma possível estagnação dos sentidos.

Um dos engenhos da montagem é a criação de uma técnica de animação com erva-mate, do chá e chimarrão que traduzem encontros e compartilhamentos. Com muita habilidade, Mercurio cria ao vivo imagens que são transformadas em outras. Os desenhos são feitos, ao vivo, sobre uma mesa e o público acompanha a tudo projetado em uma tela. O personagem trabalha com essa ideia da memória, das próprias lembranças e da esperança de resgatar o amigo.

Além de Mercurio, a atriz e bonequeira pernambucana Odília Nunes participa do circuito da peça, na função de contrarregra. Ela auxilia o artista argentino e manipula alguns objetos, conferindo mais graça e agilidade à cena. Aqueles velhos de… faz a segunda semana da temporada na Caixa Cultural Recife, de hoje a sábado.

Mercurio passou dois anos para desenvolver uma técnica de animação com erva-mate. Pablo Gonzales

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